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segunda-feira, 24 de março de 2008

Morre editor responsável pela fama de Tintim e do quadrinho franco-belga



Raymond Leblanc, o editor que convenceu Hergé a publicar Tintim em uma revista própria e garantir sua fama mundial, faleceu na última sexta-feira aos 92 anos. O jovem jornalista e aventureiro Tintim surgiu nas páginas da revista católica para crianças Le Petit Vingtième em 1929. Com a Segunda Guerra Mundial, a revista deixou de existir. Restou a Hergé trabalhar por um tempo para o jornal Le Soir, pró-ocupação nazista. Com o fim da Guerra, esta ligação com os inimigos lhe deixou quase sem emprego, apenas reproduzindo suas antigas tiras para serem reeditadas em álbuns. Leblanc surgiu com a proposta de transformar Tintim em uma revista semanal, inicialmente chamada Le Journal de Tintin, depois somente Tintin. Seria a primeira publicação da editora que queria montar, a Lombard. Leblanc usou suas conexões e sua ilibada reputação de herói da resistência belga durante a ocupação nazista para "limpar" a ficha de Hergé e conseguir sua colaboração.
A revista debutou na Bélgica em 1946 trazendo não só Tintim, mas vários outros personagens criados por quadrinistas franco-belgas, tornando-se líder do mercado na Bélgica. Até seu fim em 1993 (Hergé falecera 10 anos antes), a revista – que também era publicada na Holanda e na França – trouxe autores como Edgar Pierre Jacbos (Blake et Mortimer), Uderzo e Goscinny (Oumpah-Pah), Christian Godard, William Vance, Carlos Gimenez e até republicações de Hugo Pratt e Will Eisner. Apesar do nome da revista, nem todas as edições traziam Tintim.
O êxito da série garantiu o sucesso da criação de Hergé na Europa e, logo depois, no resto do mundo, desembocando na trilogia cinematográfica atualmente em pré-produção. Além disso, Leblanc foi o primeiro editor franco-belga com visão comercial. Usando esquemas de marketing pioneiros para seu tempo, ele transformou sua editora em um dos gigantes dos quadrinhos europeus. Também foi o primeiro editor europeu a criar uma produtora de animação, realizando longas de animação de personagens como Tintim, Asterix e os Smurfs, de forma inédita na Europa.
Nos anos 80, a morte de Hergé e a crise no quadrinho tradicional franco-belga o impeliram a vender sua editora ao grupo Ampère, que a usou como base para criar o grupo Media Participations, gigante grupo editorial especializado em quadrinhos. Apesar de nominalmente aposentado e dos seus 92 anos, Leblanc ainda ia a seu escritório na sede da Lombard (o famoso "prédio Tintin", que ele mandara construir décadas antes, onde há ainda um pequeno museu em sua homenagem) e trabalhava em numerosos projetos, incluindo a fundação que leva seu nome.
Em 2003, ele ganhou o primeiro prêmio Alph-Art do Festival d'Angoulême, em reconhecimento à sua contribuição para os quadrinhos.
Via: Omelete

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